Atividade Online - Debate construtivo - 18/10 (Sábado, 21h–22h): Papo com Prof. Stefanis Caiaffo (UNIFESP) sobre sua experiência descobrindo os caribes.

Reconhecer o Caribe em nós: histórias de luta, filosofia e música popular

O Caribe, em suas porções insular e continental, é um espaço fundamental na compreensão do chamado mundo Atlântico negro, portanto um espaço fundamental na compreensão da modernidade ocidental e de suas contradições. Se o ano de 1492 pode servir de prefácio aos séculos duros da colonização, o ano de 1791 é o prólogo inacabado do longo período de lutas por liberdade e independência – e contra a escravização. As efígies de Cristóvão Colombo, Toussaint Louverture e Jean-Jacques Dessalines, aqui, nos permitem pensar o choque entre as dinâmicas de ocupação e espólio e os esforços de revolução e independência: elas prefiguram o conflito e as mediações entre as forças de domínio e as imagens da resistência num mundo que tentaria se reinventar ao longo dos séculos consequentes. Como derivação, é também no Caribe que nascerão algumas das vozes que terminam por conformar uma narrativa diaspórica, negra e insurgente que ecoa ainda hoje: num plano filosófico e conceitual, o Caribe formulará o panafricanismo, o pensamento da negritude e parte considerável e relevante do pensamento descolonial; num plano musical, narrativa que aqui não é menos importante, é do Caribe que surgirão os elementos que conformarão a voz periférica do reggae, da cumbia, da salsa e do zouk – mesmo do jazz e do rap, entre outros gêneros conhecidos. Nesta roda de conversa seremos convidados a perceber a importância das dinâmicas do Caribe na constituição do mundo Atlântico e moderno, assim como a perceber a importância das vozes negras caribenhas na constituição de um contradiscurso filosófico e histórico que aparece tanto na forma de operadores conceituais fundamentais quanto em sua prolífica produção musical.

Stéfanis Caiaffo é psicólogo, Mestre e Doutor em Psicologia Social. Docente efetivo da Universidade Federal de São Paulo, Campus Baixada Santista, desde 2010, coordena seu Núcleo de Rádio junto ao Laboratório de Recursos Audiovisuais. Membro da Rama Latina da Associação Internacional para o Estudo da Música Popular (IASPM/AL), dedica-se à pesquisa sobre a musicalidade do mundo Atlântico negro e da América Latina, com ênfase nos candombes do Uruguai, no caráter transnacional das cumbias, na narrativa do exílio presente na cultura da salsa e nas expressões musicais afrobaianas da segunda metade do século XX.

O live foi um sucesso e já está disponível no nosso Canal de YouTube

Atividade Online - Debate construtivo - 25/10 (Sábado, 21h–22h): Papo com o Autor. Russel Cérilia sobre sua experiência descobrindo os caribes.

Um encontro de palavras, de verbos e de testemunhos contra a alienação do tempo moderno

Frantz Fanon, filósofo, psiquiatra e psicanalista, nasceu em 20 de julho de 1925 em Fort-de-France, Martinica. Intelectual caribenho de profunda influência, ele se consolidou como uma das primeiras figuras no pensamento anticolonial e na análise crítica da construção da identidade do século passado e até hoje. Sua obra investiga meticulosamente os processos de alienação e desumanização inerentes ao projeto colonial, propondo que a luta pela libertação é um imperativo essencial para a recuperação da humanidade e da autonomia cultural dos povos subjugados. As minhas leituras repetitivas das obras de Fanon, principalmente «Pele negra, Máscaras brancas», percebo a impressionante contemporaneidade de seu pensamento, que transcende seu contexto histórico para iluminar as novas formas de alienação que assolam o mundo contemporâneo. A leitura de Fanon não é apenas uma necessidade acadêmica, mas um convite a refletir sobre nossas próprias identidades e a resistência às opressões atuais. Neste sentido, o objetivo desta live é promover um diálogo sobre como o encontro com o pensamento de Fanon pode operar uma transformação subjetiva e servir como um instrumento crítico para decifrar o cotidiano. É essa potencialidade, que confere à sua obra uma urgência contemporânea, que motiva o convite para nos debruçarmos sobre a produção intelectual fanoniana, cujas ferramentas conceituais permanecem indispensáveis para a compreensão e o confronto das complexas realidades de alienação e desumanização de nosso tempo

Formado em Economia, Administração, além de possuir qualificações técnicas em eletromecânica e eletrônica, Russel já trabalha em áreas de Marketing, Finanças e Administração em geral. Ele é coautor de um livro digital intitulado « Narrativas: Exílios e Encontros », uma autobiografia escrita em conjunto com outros cinco migrantes: Gloire Nkialulendo (República Democrática do Congo), Myria Tokmaji (Síria), Russel Cerilia (Haiti), Maiker Gutierrez e Ninoska Pottella (ambos da Venezuela). Também, como autor de peças teatrais pela escola Pé no Palco ao longo de dois anos.

O segundo, que foi também um grande sucesso, está disponível no nosso Canal

Atividade Presencial - Campus Baixada Santista (UNIFESP) - Aula de dança de Konpa e Palestra Musical - 03/11 (Segunda-feira), 11:30 -- 12:30) com o Artista Haytiano Benlove Biben.

Palestra musical e Aula de Dança - Mergulhar-se no Konpa Hayitiano em 60 Minutos

Do começo… 

Estamos em 1955. Sob o sol do Caribe, no coração de Porto Príncipe, Hayti… um cara chamado Nemours Jean-Baptiste tá prestes a mudar a história da música. Ele pega o seu saxofone, e entra no estúdio, dizendo:  se  a+b=x  na matemática, por que não inventamos algo parecido na música? Desafiando a lógica musical, ‘E foi misturando isso com aquilo, botar um swing aqui, uma batida ali, carregando um PamPam do “Rara” popular na rua…’ PÁ! Feito, espírito do Jazz na pele e ritmo na alma, na generosidade da criatividade caribenha, nasce o konpa direk! E a gente está aqui, no meio dessa revolução sonora!”

 Da Criação do Konpa 

“Nemours não está inventando o Konpa do nada, ele está pegando a meringue haitiana, que já é dançante, e dando um tapa moderno. Ele junta metais, guitarra elétrica, baixo marcado, tambor e uma batida que parece dizer: ‘Levanta e dança, não tem desculpa!’ E o nome? “Compas”, do francês, que significa compasso. Mas o povo haytiano é esperto — logo vira “Kompa”, com K, “Kriolizado”, com identidade, com orgulho!”

 Da Evolução do Ritmo 

“Avançamos para a década de 70. A gente está numa festa em Jacmel, no sudeste do Hayti, e quem está tocando? Tabou Combo! Os caras estão com ternos coloridos, dançando sincronizados, e o público está em transe. O Konpa já virou febre! Depois vem os anos 90, e o som fica mais romântico, mais suave… nasce o Konpa Love. Agora é para dançar coladinho, olho no olho, coração contra coração, respirando no mesmo ritmo com a música, rebolando, celebrando a vida, simplesmente “Konpatizando”, simplesmente “Lovatizando”.

 Do Kompa na Diáspora 

Agora imagina que você está em Paris, num barzinho no bairro de Château Rouge. Aí está rolando Konpa! Em Montreal, no Brooklyn, em Miami… o Konpa está em todo canto. É como se o Hayti tivesse espalhado sua alma pelo mundo. Para quem está longe de casa, o Konpa é aquele prato da infância, aquele cheiro que te leva de volta. É resistência cultural, é memória viva, é voltar para casa pela estrada afetiva da música popular!

Das Referências Musicais 

Quer montar sua playlist de respeito? Começa com Nemours Jean-Baptiste, depois vai de Tabou Combo, Coupé Cloué, Magnum Band. Quer algo mais moderno? Zafèm, Carimi, Zenglen, Harmonik, Klass. Cada um tem um tempero diferente, mas todos têm aquele molho haytiano que não se copia!

💃 AULA DE DANÇA: SENTIR O RITMO NA PELE

🕺 Introdução à Dança de Konpa

Agora esquece a história por um momento. Sente o corpo. O Konpa é dança de par, mas também é dança de alma. Se você sabe andar, você sabe dançar Konpa. É só seguir o compasso, ah perdão: o Kompasso — literalmente!

👣 Passos Básicos 

Vamos lá: passo para frente, passo para trás. Um, dois, três, quatro. Parece simples, né? E o segredo está no quadril. Ele balança como se tivesse conversando com a música. E o olhar? Sempre presente. Konpa é sedução sutil, é respeito, é conexão.

Prática com Música

Vamos colocar uma música agora. Essa aqui é “Fanm sa move” do Carimi. Sente a batida. Deixa o corpo responder. Não pensa demais. Konpa não é matemática — é sentimento, é viagem!

Encerramento e Reflexão 

O Hayti é um país que já passou por muita coisa. Mas quando você escuta Konpa, você entende que a alegria é uma forma de resistência. Que dançar é uma forma de existir. E que a cultura haytiana é uma das mais ricas do mundo — só precisa de espaço para brilhar!

Acabamos de fazer um tour pelo Konpa. Um bom plano para uma viagem ao Haiti, não é mesmo? Esperamos por vocês no encontro!

Benlove Biben é cantor e compositor haitiano que encontrou no Brasil o espaço para transformar suas vivências em música. Com influências do rap, do hip-hop e da poesia falada, ele cria narrativas que abordam amor, identidade, fé e resistência. Em 2024, lançou o álbum Benlove e Suas Ideologias, com 13 faixas que transitam entre lirismo e crítica social. Seu trabalho já inclui colaborações com artistas como Carlile Dominique e Vanessa Jackson, e está presente em plataformas como Spotify, Apple Music, YouTube e SoundCloud.

Atividade Presencial - Campus Osasco (UNIFESP) - Debate Construtivo - a Importância Geopolítica do Caribe em Comparação com Brasil - 05/11 (Quarta-feira), 11h - 12:30) com a confirmação da Professora Carolina Pedroso na Mesa.

Caribe e Brasil: um olhar geopolítico

Entre mares e histórias cruzadas, o Caribe se afirma como um espaço de enorme relevância geopolítica, cuja centralidade foi moldada por séculos de disputas imperiais, rotas comerciais e experimentos de soberania. Sua posição estratégica, entre o Atlântico e as Américas, fez dele não apenas um elo entre continentes, mas também um laboratório de resistências e de reinvenções políticas. Ainda hoje, a região expressa um mosaico de independências precárias e interdependências inevitáveis, tensionadas pela presença das grandes potências e pela busca de autonomia regional.

O Brasil, embora de escala continental, compartilha com o Caribe a experiência de uma formação histórica marcada pela colonização, pela escravidão e pela persistência das desigualdades globais. Contudo, diverge na dimensão de sua inserção internacional e no modo como lida com a herança atlântica. Pensar o Caribe, portanto, é também pensar o Brasil – suas ausências, suas aproximações possíveis e seu lugar nas dinâmicas políticas e econômicas do Sul global. Nesta conversa, propõe-se refletir sobre o Caribe não apenas como periferia estratégica das Américas, mas como espelho crítico que desafia o Brasil a reconsiderar suas próprias fronteiras, identidades e responsabilidades no cenário internacional.

Professora Carolina Silva Pedroso, docente do Departamento de Relações Internacionais e especialista em América Latina, Líder do grupo de pesquisa Realidades Latino-Americanas

Filmes Haitianos e Roda de Conversa - programa cinematográfico - Salas de projeção : Campus Osasco e Baixada Santista (UNIFESP) - Museu de Imagem e Som de Santos - LAB Procomum

Sitwayen Lari - Cidadão de Rua

Sinopse : Junior, de 15 anos, movido pela chama do amor fraternal, se lança em todo tipo de atividade para cuidar de Peter, seu irmão mais novo de 10 anos. Após um incidente com Maxime, eles terão que lutar para continuar sobrevivendo.

Realizado por

Eddy Fleursaint é um videomaker, editor e fotógrafo haitiano apaixonado, atuando na área audiovisual desde 2009. Ele deu os primeiros passos na fotografia e na videografia de forma autodidata, antes de se aperfeiçoar entre 2013 e 2015 no Artiste Institute, onde se especializou em narrativa visual, edição de vídeo e técnicas profissionais de filmagem.

De 2015 a 2021, trabalhou durante seis anos na Télé Métropole, um dos canais mais influentes do Haiti, onde ocupou várias funções: editor, videógrafo e fotógrafo. Aperfeiçoou sua técnica enquanto contribuía para projetos de grande envergadura no panorama midiático local.

Père à Distance - Pai à Distância - 2019

Sinopse : Um documentário sobre as dores do exílio. Este curta-metragem conta a história de um pai beninense que emigrou para os Estados Unidos logo após a gravidez de sua esposa e que, há oito anos, tenta estabelecer um vínculo paterno com sua filha, que nunca pôde ver nem tocar, graças às ferramentas tecnológicas.

Realisado por

Nascido em Porto Príncipe em 1986, Gasner François é repórter fotográfico. Após estudar jornalismo multimídia na Haiti Reporters, ingressou no Ciné Institute, onde se formou em cinema. Em 2009, realizou Martissant, des millions anarchiquement investis, um filme realizado antes do terremoto de 2010 sobre a degradação das habitações no Haiti. Paralelamente, realizou curtas-metragens de ficção e participou em numerosas exposições fotográficas nos Caribes.

L'Artiste et sa Muse - O Artista e sua Musa - 2015

Sinopse ;Nas ruínas da catedral de Jacmel, Daniel, um jovem artista, pinta quadros para a restauração da igreja, destruída após o terremoto de 12 de janeiro de 2010. Além de uma simples restauração, as ilustrações das telas evocam alucinações, que são, na verdade, manifestações da inspiração do artista em transe. Estas são personificadas por uma mulher que hipnotiza o jovem artista, que perde o controle e se apaixona, apesar da oposição de seu pai, que tentou tudo para impedi-lo, sem sucesso.

Potrè Atis - Retrato artístico

Sinopse : Para encerrar o fim de um ciclo de estudos na Escola Nacional de Artes de Porto Príncipe, Rubens CORNEILLE descreve a realidade do Haiti desde o terremoto de 12 de janeiro de 2010 até os dias de hoje, especialmente a capital haitiana, através de 12 quadros cujo título deste trabalho estipula: “Sociopsicologia da realidade haitiana da zona metropolitana desde 2010 até os dias de hoje”.

Realizados por

David DIFFICILE nasceu em Porto Príncipe (Haiti), em 10 de fevereiro de 1994. Ele estudou cinema no Ciné Institute, em Jacmel (2013-2015). Formado como diretor, ele possui competências em fotografia, videografia, edição e roteiro. Como trabalho de conclusão de seus dois anos de estudos em cinema, ele apresentou L’artiste et sa Muse, um curta-metragem de ficção (duração: 14 minutos), do qual é autor/roteirista e diretor. Ele também se destaca em psicologia como psicólogo clínico, após obter seu diploma no Campus Henry Christophe da Universidade Estadual do Haiti, em Limonade, em 2022.

la veuve - A viúva - 2017

Sinopse : Após o funeral do marido, Martha, consumida pela dor, mergulha no abismo das suas memórias. Uma perda que a enfraquece e a deixa indiferente ao mundo, até que ela chega ao limite da loucura.

Realizado por

Formado pelo Ciné Institute (Haiti), Wood-Jerry Gabriel é roteirista, diretor e produtor. Ele escreveu e dirigiu vários curtas-metragens, incluindo La veuve (2014), Jacmel en mille couleurs (2016) e Ombres et spirales (2023), e atualmente trabalha em vários projetos de longas-metragens documentais e ficcionais. Ele colaborou com diretores como Kaveh Nabatian e Samuel Suffren, como assistente de direção, roteirista e assistente de produção.

Fotos das Atividades

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